Efeitos para a saude humana da exposicao ao betagonista Clembuterol

O Clembuterol e um farmaco do grupo dos agonistas adrenergicos beta-2 seletivos, que e usado como broncodilatador em medicina humana e veterinaria.

O Clembuterol, o mais divulgado dosbetagonistas, tem uma acao anabolizante fazendo aumentar a musculatura e simultaneamente reduzindo a deposicao de gorduras, pelo que tem sido usado no setor da producao de carne. O uso destes farmacos pelos produtores de gado permite a obtencao de carne menos gorda ou mesmo magra, a qual e preferida pelos consumidores uma vez que o excesso de gordura e atualmente considerado como um dos principais fatores que contribuem para a prevalencia das doencas cardiovasculares nas sociedades ocidentais.

Porem residuos deste beta2-agonista seletivo vao surgir nos tecidos animais ediveis. Este composto e seus residuos sao estaveis a temperaturas elevadas, permanecem ativos durante longos periodos e, uma vez que apos ingestao tem uma acao toxicologica potente, representam um risco genuino para os consumidores, pelo que o seu uso em producao animal na EU esta proibido.

O Clembuterol e usado no tratamento de ataques de asma de grau ligeiro a moderado e nalguns casos de bronquite cronica e enfisema. A dose oral recomendada para adultos e de cerca 0,05mg/dia (0,three-0,five microg/kg duas vezes por dia.

O Clembuterol apos ingestao e absorvido eficazmente com uma biodisponibilidade de 70-80%. Uma vez no sangue, o clembuterol apresenta um tempo de semi-vida longo de cerca 30 horas no Homem e em bovinos a semi-vida ja e menor havendo referencias de 3 ou 18 horas, o que vem dificultar a sua detecao.

Estudos em vitelos demonstram que o clembuterol se concentra nos pulmoes, figado (onde este composto e metabolizado) e rins (onde o composto e seus metabolitos sao excretados) (Smith e Paulson, 1997; Ramos e Noronha, 2001). Por outro lado a pele preta dos vitelos contem cerca de 6 vezes mais clembuterol que a pele branca assim como nos olhos a iris e a retina tambem concentram niveis elevados de residuos, uma vez que o clembuterol se fixa preferencialmente a tecidos pigmentados, como seja o pelo ou a retina (Ramos e Silveira, 2001).Os efeitos decorrentes da exposicao a clembuterol sao os esperados para os betagonistas e podem incluir tremor muscular (principalmente das maos), nervosismo, palpitacoes, cefaleias, taquicardia e arritmias, nausea e vomitos. Tem sido descritas reacoes de hipersensibilidade incluindo broncospasmo paradoxal, urticaria e angioedema. Situacoes de hipocaliemia (valor baixo do potassio sanguineo) podem estar associadas a utilizacao de doses elevadas de betagonistas.

O tempo de latencia varia entre 10 minutos a six horas e a duracao dos sintomas entre ninety minutos um maximo de 6 dias (geralmente menos de three dias). Nunca foram referidas casos letais.

Em doentes com um quadro pre-existente de doencas cardiovasculares e hipoxemia, o Clembuterol e outros betagonistas podem provavelmente causar lesoes cardiacas serias.

O efeito de exposicao continuada a Clembuterol nao e claro. Estudos em ratos, demonstram que o clembuterol provoca hipertrofia ventricular. Por outro lado esta descrito um caso de enfarte agudo do miocardio num adulto de 26 anos que tinha tomado clembuterol e esteroides anabolizantes para a pratica de culturismo ou bodybuilding.

Os casos de toxicidade descritos, causados pela ingestao de alimentos contaminados com residuos de betagonistas foram na sua totalidade de natureza aguda e causados por Clembuterol.

Os efeitos prejudiciais dai decorrentes parecem estar sobretudo relacionados com situacoes de sobredosagem clembuterol gel resultados dos animais nao cumprindo o intervalo de seguranca e em consumidores sujeitos a terapeutica com o mesmo grupo de farmacos.

O potencial toxico deste tipo de compostos e especialmente do Clembuterol esta bem ilustrado pelos diversos surtos de intoxicacao coletiva na Europa e na Asia.

O primeiro caso descrito ocorreu em Espanha em que um whole de a hundred thirty five pessoas adoece apos ingestao de figado que continha residuos de clembuterol. Outros casos continuam a surgir designadamente em Franca, Italia e China, onde recentemente ocorreu um importante caso de intoxicacao que envolveu 336 pessoas em Xangai originado pela ingestao de carne de porco contaminada com clembuterol, usado na sua producao.

Em Portugal, estao relatados quatro casos em Ourem (1998), Lousa (2000), Ovar (2001) e Peso da Regua (2002), em que foram afetadas clenbuterol valor ten, two, 34, e 4 pessoas respetivamente devido ao consumo de carne de borrego, figado e carne de bovino (Barbosa et al., 2005).

Dados europeus indicam que desde1995 tem havido um claro decrescimo do uso de Clembuterol como promotor de crescimento animal, atribuido em parte a intensificacao das acoes de monitorizacao pelas autoridades oficiais (Kuiper et al., 1998).

Para o Clembuterol, esta definida a dose diaria de ingestao admissivel (DDA) para o Homem, que e four,2 ng/Kg/dia, baseada no nivel sem efeitos observaveis (NOEL).

A utilizacao de Clembuterol esta autorizada, de acordo com a alinea c) do Artigo sixº do Decreto-Lei nº 185/2005 de 4 de novembro, para o tratamento na inducao de tocolise (inibicao do parto prematuro) em vacas parturientes, desde que efetuado por medico veterinario, a titulo unique sob a forma de injecao. Assim, os limites maximos de residuos (LMR) para o Clembuterol em bovinos, definidos exclusivamente para o caso referido, sao de 0,5 microg/kg para figado e rim, de 0,15 microg/kg para o musculo e de 0,05 microg/kg para o leite.

Bibliografia
Smith DJ, Paulson GD. (1997) Distribution, elimination and residues of [14C] clenbuterol HCl in Holstein calves. J Anim Sci .seventy five:454–461.
Ramos, File., Silveira, M.I.N. (2001). Agonistas adrenergicos ßtwo e producao animal: II - Relacao estrutura-actividade e farmacocinetica. Rev. Port. Cienc. Vet. ninety six, 167 - one hundred seventy five.
Barbosa J, Cruz C, Martins J, Silva JM, Neves C, Alves C, Ramos File, Da Silveira MI. (2005) Food poisoning by clenbuterol in Portugal. Meals Additives Contam; 22 (six): 563-566.
Kuiper HA, Noordam MY, van Dooren-Flipsen MM, Schilt R, Roos A.H. (1998) Unlawful usage of beta-adrenergic agonists: European Community. J Anim Sci.76:195- 207.
Regulamento (CEE) Nº 2377 do Conselho de 26 de junho de 1990 e alteracoes.

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